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A ALIMENTAÇÃO NA DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL

Atualmente existe, o entendimento de que a Doença Inflamatória Intestinal (DII) tem como base etiopatogênica a interação de fatores ambientais, da microbiota intestinal, da regulação da resposta imune e de fatores genéticos. Há vários anos, pensando nos fatores ambientais, a sociedade científica vem estudando o papel da alimentação na DII.

Uma revisão sistemática de 2011 concluiu que a alta ingestão alimentar de gorduras totais, ácidos graxos poli-insaturados, ácidos graxos ômega-6 e de carne foi associada a um risco aumentado de doença de Crohn e de retocolite ulcerativa. O mesmo trabalho também verificou que o alto consumo de fibras e frutas foi associado à diminuição do risco de doença de Crohn e que o alto consumo de vegetais foi associado à redução do risco de retocolite ulcerativa¹.

Outro grupo alimentar que vem gerando interesse é o de alimentos processados e ultraprocessados, que geralmente incluem ingredientes e aditivos não naturais, como sabores artificiais, açúcares, estabilizantes, emulsificantes e conservantes e que podem alterar o microbioma intestinal.

Recentemente publicado, um estudo prospectivo observacional, realizado com 116.087 pacientes adultos de 21 países diferentes, avaliou a associação entre a ingestão de alimentos ultraprocessados e o risco de desenvolvimento de DII. Os dados foram coletados a partir de um questionário de frequência alimentar e foi relatado que, dentre os pacientes avaliados, 467 desenvolveram DII. Pacientes

com maior ingestão de alimentos ultraprocessados em geral tiveram maior risco de DII. Padrões semelhantes foram observados para os subgrupos específicos de refrigerantes, doces de açúcar refinado, salgadinhos, carnes processadas e frituras².

Uma vez que a DII tem caráter crônico, sem cura, é imprescindível pensarmos que medidas preventivas podemos adotar diante da crescente prevalência da doença no Brasil.

Novos estudos analisando os efeitos dos padrões alimentares na sociedade irão trazer mais informações e conscientização da importância do papel da alimentação na promoção da saúde.

Referências:

1. Hou JK, Abraham B, El-Serag H. Dietary intake and risk of developing inflammatory bowel disease: a systematic review of the literature. Am J Gastroenterol. 2011;106:563-73.

2. Narula N, Wong ECL, Dehghan M, et al. Association of ultra-processed food intake with risk of inflammatory bowel disease: prospective cohort study. BMJ. 2021;374:n1554.

BR-GAS-2100023 OUT/21

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